Por Alessandra dos Santos Corim
Pedagoga, escritora e auxiliar de escritório contábil
Vivemos numa sociedade globalizada e dominada pelas tecnologias, isso é um fato, mas a questão a qual precisamos voltar nossos olhos é que somos seres humanos e não conseguimos criar barreiras para o domínio das novas tecnologias sobre nosso dia a dia e nas nossas relações pessoais e profissionais, queremos tanto “dar conta de tudo” e “ter tudo” que esquecemos quem somos.
Ser aceito pelos outros é um dos maiores desejos das pessoas atualmente e nessa busca nos tornamos vazios de si mesmos.
Estudos revelam que no Brasil os indivíduos gastam mais de 10 horas diárias navegando na internet, sendo que 3h e 42min desse tempo é para acessar as Redes Sociais. Acreditamos e falamos muito da liberdade e de que somos insubstituíveis por termos acesso à informação por meio de diferentes plataformas de redes sociais e mídias digitais, porém o que adianta se não soubermos filtrá-las e usá-las adequadamente? Devido ao fácil acesso e a acelerada fonte de novas informações e demandas da sociedade, não conseguimos acompanhar tudo e a todos e acabamos nos manipulando e frustrando.
Conforme dados do Conselho Federal de Farmácia, a venda de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu cerca de 58% entre os anos de 2017 e 2021. Atualmente, para aguentarmos um dia após o outro e sermos aceitos, muitos precisam usar esses medicamentos e ter acompanhamentos com profissionais, a fim de aguentar a sobrecarga do dia a dia. Essa sobrecarga vem do trabalho que invade nossos lares, das cobranças sociais de que precisamos conseguir ter tudo do mais moderno, a cobrança de ser um familiar e amigo presente, ter vida social, manter casa e carro limpos, é a ideia de que precisamos produzir a todo tempo (e se não postar quer dizer que você não tem nada e não faz nada), se não somos considerados fracassados, preguiçosos e ainda perdemos seguidores.
Ser multitarefas na sociedade de hoje é comum, todavia não conseguimos e nem podemos, fazer uma coisa de cada vez se não pensar negativamente, ou seja que não vamos dar conta e assim a ansiedade, a hiperatividade e a depressão transbordam. Fazer tantas coisas delimita as horas de sono ou faz com que seja preciso se medicar para poder dormir. Se cobrar tanto é a saída para conseguir cumprir as tarefas do dia a dia? será que não traçamos muitas metas para apenas um dia? Ou melhor, será que não nos cobramos demais? Ou nos comparamos demais com a “vida perfeita da rede vizinha”?
A busca pela aceitação através de redes sociais vem afetando a vida de muitas pessoas, principalmente jovens, então lembre-se que atrás das telas existem realidades muitas vezes diferentes das que são postadas, existem seres humanos. Precisamos começar a repensar nossas atitudes, começar com um clique a menos, a comparar menos, não se deixar conduzir pela necessidade de correr atrás de sonhos que não são seus. Busque aprender a fazer uma coisa por vez, estabelecer horários e limites, ou melhor dizendo, deixar de se influenciar pelos altos padrões de “vida perfeita" e compreender que cada realidade é única e a felicidade e beleza está em não ser igual e sim ser você.