Domingo, 10 de Dezembro de 2023
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Criadora do Menos 1 Lixo fala da relação entre sustentabilidade e o sagrado feminino



Criadora do Menos 1 Lixo fala da relação entre sustentabilidade e o sagrado feminino

A primeira atitude de Fernanda Cortez ao sair da exibição do filme Trashed - Para Onde Vai Nosso Lixo (2012), do ativista Jeremy Irons, foi comprar um copo retrátil. O filme, que aborda os efeitos nocivos do lixo para o meio ambiente e a saúde do ser humano, se tornou a chave para que ela refletisse sobre sustentabilidade. O impacto fez com que Fernanda adotasse novas atitudes, como bicicleta elétrica, copinho coletor, calcinha absorvente, além de consumir alimentos orgânicos e ajudar pequenos produtores.

“Sou uma pessoa muito interessada e estudiosa, então comecei a ler bastante sobre sustentabilidade. Curiosamente, notei que a maioria dos artigos eram direcionados para a academia ou um público muito específico que já sabia sobre questões ambientais. A verdade é que todo mundo deveria ter acesso a esse conteúdo”, começou Fernanda, em entrevista com Marie Claire.

O engajamento foi tanto que, três anos depois, ela fundou o Menos 1 Lixo. Inicialmente, o portal de sustentabilidade era um braço de sua agência de branded content e tinha o objetivo de produzir conteúdo acessível sobre preservação do meio ambiente, mas não demorou muito para que o movimento se expandisse.

“O Menos 1 Lixo nasceu do chamado da minha alma para falar sobre sustentabilidade. Para isso, fechei a minha agência. Era muito contraditório, já que muitos clientes não tinham os mesmos princípios. Quando acabei com o escritório, tinha juntado dinheiro e, aos poucos, o projeto se tornou um negócio”, diz. Em 2016, Fernanda criou o primeiro produto da plataforma: um copo retrátil, que passou a representar o movimento.

“Muitas pessoas me perguntaram, no começo, se eu achava mesmo que mudaria o mundo com os copos, mas pequenas atitudes também geram grandes impactos nesse mundo. Imagina a quantidade de plástico que evitamos ao aderirmos ao copo retrátil?”, questiona Fernanda, que teve o apoio de diversas celebridades no começo do Menos 1 Lixo. “Entendi que o meu trabalho impactava a vida das pessoas. Muitas passaram a se questionar sobre os resíduos que produziam. Assim, a plataforma foi evoluindo.”

Em 2019, Fernanda se afastou do Menos 1 Lixo, que agora é comandado pelo marido, Wagner. A decisão veio após receber o convite para escrever um livro. Lançado dois anos depois, em novembro de 2021, a obra se chama Homo Integralis: Uma Nova História Possível para a Humanidade (Editora Leya, 360 páginas, R$42), e é o resultado de um mergulho profundo sobre a necessidade de uma grande transformação na relação do homo sapiens com o meio ambiente.

“Escrever esse livro foi um processo de cura para mim. Reescrevi o início pelo menos oito vezes até entender o tom que pretendia dar. Não queria falar com raiva sobre a sociedade e tudo o que eles fazem com o meio ambiente. A primeira parte do livro é cheia de entrevistas e histórias inspiradoras e, por fim, canalizo tudo isso, amarrando os assuntos. Durante toda a escrita do livro, aparecia a pergunta: por qual motivo estamos tão desconectados? Passei a meditar e dei novo significado para muitas coisas, incluindo a minha conexão com o feminino.”

O reencontro de Fernanda Cortez consigo mesma começou há anos e a sustentabilidade é parte imprescindível. “A percepção que construí sobre lixo com o meu trabalho no Menos 1 Lixo fez com que eu olhasse para o meu lixo interior, tudo aqui que não estava certo (...). Senti que algo dentro de mim estava desequilibrado, e enfrentei alguns episódios, como uma gravidez tubária. Não sabia o que estava acontecendo, mas sangrei e acreditei que fosse menstruação. Um mês depois, fui internada com hemorragia, que foi uma das consequências. Tive que fazer uma cirurgia de emergência, fiquei quatro dias na UTI e quase morri. Quando saí de lá, entendi que tive uma segunda chance de viver.”

Essa foi a gota d’água para que a empresária tomasse novos rumos. Agora, Fernanda Cortez também é mentora de mulheres e fará a primeira Semana de Regeneração Feminina, de 17 a 20 de julho, que tem como objetivo guiar mulheres no processo de regeneração do feminino e redescoberta da sua real identidade.

Imagens:

Diana Konzen
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