Dizem que trabalhamos somente para obter o cansaço, eis que é incoerente exigir horas diárias para dormir e para comer.
Não sabemos lidar com as sensações confusas do cotidiano, onde não distinguimos se queremos fé ou calma.
Às vezes o olhar observa, em outras nem tanto. E quiçá, às vezes, tem sentido de perversão sexual em festas onde não existem ninguém.
Uma tragédia de ter no passado sem ter o pano passado por alguma sujeira. Eis que nos sentimos reais quanto às metáforas da vida.
O meu privilégio é tudo. Sempre que eu penso em algo, logo eu me perco pensando em outras coisas. É a incerteza pagã sem celebrações e a nossa fraqueza cristã sem um pingo de fé.
Enquanto muitos se perdem nos papirus rápidos (e repetitivos) das combinações sociais, o verdadeiro modernismo nos sufoca em uma vida sem poesias.
Vida esta que dói quando mais se inventa e se goza.
Afinal, para que serve o teu mundo interior se o desconheces completamente?
Não cante a vida por bebedeiras e tragos baratos de botequins, nem seja os atores nas convenções, com poses determinadas à espera de aplausos sociais, se você não souber o sucessivo de imagens que correm a cada dia pela janela do teu quarto.
Apenas saiba o que quer, não deseje o que todos desejam.
Saiba de onde tudo vem e para onde as suas escolhas findam.
O resto são apenas flores de plástico e perfumaria com odor de tempo limitado.
Simplesmente viva sem se importar com que os outros dizem. Se somos loucos, pior é quem nos diz... e não é feliz.
* Rodrigo Bergsleithner é jornalista, escritor e CEO do Jornal Informal