Nos últimos dias, surgiu a notícia, via redes sociais, de que estavam programadas matanças em escolas da região, especialmente em 20 de abril, quando o massacre de Columbine completará aniversário. Nesta data, em 1999, dois jovens estudantes entraram num estabelecimento de ensino norte-americano com bombas caseiras e armas de fogo, atentaram contra colegas e professores e ceifaram 15 vidas.
Muitos não têm conferido qualquer crédito à notícia, afirmando tratar-se de uma brincadeira de muito mau gosto. Outros, porém, têm externado variados graus de preocupação e apontando meios de prevenção. Os pais pretendem não encaminhar os filhos às aulas. As polícias civil e militar intensificam serviços de inteligência e de interação com os educandários. Poderes públicos e estabelecimentos de ensino apostam em campanhas educativas e reforços nas vigilâncias. Tudo obviamente salutar e que, por certo, não deve se limitar a uma data exclusiva, uma vez que ameaças do gênero têm se tornado não apenas frequentes, mas tristes realidades Brasil e mundo afora. Aliás, em nosso país, entre 2022 e 2023, duas dezenas de ataques já foram registrados, o que supera o total registrado nos 20 anos anteriores.
Podemos identificar culpados, afora os indivíduos que tramam e/ou executam ditas matanças? Aliás, os agressores são em geral jovens do sexo masculino, alunos ou ex-alunos das escolas afetadas, vítimas de bullying. Apresentam isolamento social e indícios de transtornos mentais. Articulam-se grupos virtuais onde há incentivo à violência. Não raro agem estimulados por notícias das ações de jovens com mesmas características, de modo que infelizmente um massacre costuma ser sucedido por outro.
A escola que faz vista grossa ao bullying tem responsabilidade? Os pais dos agressores falharam na educação e têm satisfações a dar? O Estado, nas diferentes esferas, não monitorou as redes sociais ou minimizou ameaças? O padre ou o pastor que não ministrou ensinamentos bíblicos a contento? Há influência de jogos violentos?
Não é preciso ser especialista numa área e nem tampouco se debruçar sobre incontáveis pesquisas para saber que as causas são múltiplas e que alcançam a sociedade como um todo, mormente a partir das radicalizações que não se limitam à direita e nem tampouco à esquerda, restando por demais banalizadas. Vicejam discursos de ódio, criados e/ou ampliados por sedicentes filósofos, falsos religiosos, pretensas autoridades. E não se pode esquecer de parcela da imprensa, que ora manipula informações, ora confere demasiada notoriedade às matanças.
De modo que a culpa é de muitos, competindo a todos nós refletirmos com serenidade e agirmos com rapidez e eficiência, conjuntamente, a fim de estancarmos a onde de violência que tanta tristeza, dor e vergonha faz transitar no nosso país.